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Açocena - Fuleragem, o Fim (live session, 2020)

Atualizado: 17 de mai. de 2020

A beleza das pétalas da flor com a dureza da suas raízes de aço: trio apresenta o groove aliado à letra politizada


por Alisson Mota



A Açocena mostra seu primeiro registro de música autoral com Fuleragem, o Fim. Este é o primeiro de três vídeos da live session Aos Vívidos, que você confere primeiro por aqui.



A inconformidade com a situação da política, com o caminho que a cidade trilha e o chamado à reação dão o tom da canção. A banda existe desde maio de 2019, com Camilo Santana (guitarra), Daguada (violão e voz) e Wilyane Corumba (percussão), sob a leveza do groove, mas batendo o pé e utilizando a música como instrumento de denúncia social, com a intenção de refletir sobre os temas trazidos nas canções e, sobretudo, transformar a realidade.


Em Fuleragem, o Fim, Daguada canta a safadeza dos políticos que Enganam o povo na eleição, usam chapéu de couro até apertam sua mão. A banda canta a realidade através da observação, como dá pra sacar quando cantam sobre o mangue da 13 de Julho, que é destruído dia após dia. Sem medo de dar nomes aos bois, Açocena é o equilíbrio entre a descontração e seriedade. Aquela brincadeira que deve ser levada (bem) a sério.


Musicalmente, a canção demonstra a originalidade do trio. O violão batucado de Daguada soa uníssono com a percussão de Wilyane, ditando o ritmo e estabelecendo várias pequenas conversas com os riffs de Camilo no seu decorrer. A banda se baseia em influências diversas, de dentro e fora da música, para poder chegar num resultado que soa único, pelo menos nas bandas de cá.


O experimentalismo, segundo a banda, parte da influência do Cinema Novo de Glauber Rocha e Nelson Pereira. O samba-rock, o afropunk e o funk, além do forró, são algumas da referências musicais do grupo. Mas o charme mesmo tá na guitarra, que subverte a primeira impressão passada por ser uma banda que toca com violão e percussão. O resultado é um som sincretizado de Jimi Hendrix até Luiz Gonzaga, fazendo escala em Gilberto Gil.


Daguada, Wilyane Corumba e Camilo Santana. Foto: Nega Lê
 

Açocena - Fuleragem, o Fim


Você sabe bem o que acontece comigo

quando eu cheiro de manhã esses ares poluídos

O mangue da 13 já não é mais

aquele imponente de muitos anos atrás


Os prédios sufocam a respiração

escaldando minha cabeça numa tarde de verão

Enquanto a fumaça do beck me traz

pensamentos coletivos e culturas marginais


A pele ressecada do sol

O olho vê além do farol

A boca que saliva selvagem

É o fim da fuleragem


Desde o início foi sempre assim

fidalgo tempo bom pobre tempo ruim

Porém abaixar a cabeça jamais

aos colarinho branco verdadeiros marginais


Enganam o povo na eleição

usam chapéu de couro até apertam sua mão

Promessas falsetes vão te falar

todo es mentira es la única verdad


A pele ressecada do sol

O olho vê além do farol

A boca que saliva selvagem

É o fim da fuleragem


Vem sem medo do agora

que a hora certa vai chegar

E quando for a hora

certamente a gente vai passar

No meio dessa multidão

e o jogo a gente vai virar


Vem sem medo do agora

que a hora certa vai chegar

E quando for a hora

certamente a gente vai passar

No meio dessa multidão

e o jogo a gente vai virar


Aqui está o povo sem medo de lutar


Ficha Técnica

Gravado no Usina Estúdio

Composição: Daguada

Guitarra: Camilo Santana

Violão e voz: Daguada

Percussão: Wilyane Corumba

Captação de áudio: Usina Estúdio

Mixagem: Leo Airplane

Imagens e edição: Felipe Moraes

Fotografia: Nega Lê

Produção artística: Felipe Moraes, Nega Lê e Yanne Angelim


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