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#07 | Karne Krua - Em Carne Viva (2002)

A sétima indicação ficou por conta do DJ Rafa Aragão, que fala sobre o segundo álbum oficial da mais importante banda sergipana em atividade



por Alisson Mota


A arte que leva cultura, transforma a sociedade

E essa é a nossa arte: viva, consciente... Viva a Karne Krua!

Intro - Em Carne Viva



Várias bandas por aqui têm muito a contar e um legado a sustentar. Mas falo com certeza: nenhum delas tem a história e o patrimônio da Karne Krua. Só pela estética, atitude e mensagem, a KK já teria grande espaço na história não-oficial do estado. O grande lance é que eles cresceram num terreno árido, que sempre jogou contra a banda. E por isso talvez estejam alijados da história oficial.


Chamei Rafa Aragão pra indicar o Clássico desta semana e ele, assim como a maioria das convidades, titubeou legal na hora de definir a indicação. Ele ficou tão na dúvida que indicou dois álbuns: Em Carne Viva e Reação Ao Vivo no Estação 4. Dois marcos importantíssimos para o pessoal da geração do DJ.


Rafa teve dúvida, eu, contudo, não tive nenhuma sequer. Não tinha como não falar da Karne Krua, sobretudo porque a gente demorou quase um ano pra dedicar uma página deste blog exclusivamente à banda capitaneada por Silvio Campos. E eu, por ser de uma geração significativamente mais nova, vejo tudo isso com o distanciamento de quem não viveu aquela época.


Rafa conta que conheceu a KK justamente quando começou a viver intensamente a música feita por aqui. "Conheci Em Carne Viva na época do lançamento, eu tava começando a ir para shows de rock e a Karne Krua já era a grande branda da cena roqueira do estado. Inclusive me marcou muito o show de lançamento que rolou no antigo Espaço Emes. O fato de estudar próximo da Freedom, loja de Silvio Campos, também ajudou", conta. 


O circo tava armado... Jovens procurando vida, as coisas começando a acontecer, daí aparece Silvio com uma mensagem forte numa barulheira tremenda, uma clara retaliação à todas as relações sociais espúrias.


O trabalho de base tava sendo feito, ao vivo.


"Me influenciou muito politicamente. Usei um trecho de uma das músicas para um trabalho de feira de ciência da escola. Fiz um zine também na época muito influenciado nas mensagens que a banda trazia em suas letras. É um trabalho muito forte", revela Rafa. 


"Eu tava finalizando o ensino médio, aquela época que você tá cheio de ideias, querendo romper o mundo. Foi uma época de muita discussão politica, "Fora ALCA", eleição do Lula, e o hardcore impulsionava a gente para contestação", remete o DJ ao reafirmar o papel importante da banda no desenvolvimento do vocabulário político da sua geração.

Este breve texto tem a intenção de registrar e mostrar para as gerações mais recentes o peso e a importância da Karne Krua no desenvolvimento da música independente por aqui. Principalmente num tempo em que ser independente era outro rolê. E o termo DIY tinha outro significado.

"As coisas eram muito difíceis. Eu lembro da primeira vez que botamos iluminação em um show: “Caralho tem luz no show”. Com diz o ditado “Não colocar o carro na frente dos bois”. Eu mesmo sempre fui pé no chão. Nunca criei expectativa de estourar nacionalmente, minha música não é de consumo, não vai tocar nas rádios grandes. Agora quem monta banda, a galera do teatro e do audiovisual sabe que as coisas são difíceis.

Silvio Campos, em entrevista disponível na Revista Rever.


"Em Carne Viva foi um álbum que apresentou a Karne Krua para uma nova geração. Não é um álbum totalmente de inéditas,  já que ele traz algumas músicas que haviam sido gravadas no álbum de estreia em 1994, porém essas  músicas estão repaginadas e numa qualidade de gravação melhor que trabalho anterior. É também um registro de uma das formações mais marcantes da KK com Silvio e Max nos vocais, Mazinho (baixo), Wendell (guitarra) e Thiago Babalu (bateria)", afirma Rafa Aragão.

Se fosse para escolher uma música do disco... Rafa escolheria Subversores da Ordem. "É um trabalho que traz muitas músicas marcantes do repertorio da KK, como O Vinho da História, Sangue Operário e Brasil Heroico (esta com um coral infantil muito bonito). Mas eu fico com Subversores da Ordem, o hino anarquista sergipano".

 


Ficha Técnica


Silvio Campos - voz

Max Alberto - voz

Wendell Miranda - guitarra

Mazinho Santana - baixo

Thiago Babalu - bateria


Produção de Karne Krua e Max Alberto



 

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