Álbuns sergipanos da década - a lista de Rafa
- Acorde
- 15 de mai. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de mai. de 2020
São 10 álbuns entre os melhores entre 2010 e 2019; de quebra tem 10 menções honrosas
por Rafa Aragão
Listas serão sempre injustas. Não importa o quanto seja ampla ou democrática. Sempre vai haver ali um comentário “e por que esse e não aquele?”. E não será diferente com esta lista de discos sergipanos da década. É muito difícil definir quem foram os melhores, os critérios. E escolher apenas dez!!! No entanto o mais importante desse exercício é a gente lembrar como tem sido frutífera e diversa a produção musical em Sergipe.
Se a lista abrisse espaço para EPs teríamos ainda mais grupos e dificuldades de escolher. Tentei aqui na lista oficial e na menção honrosa ser tão plural quanto é a música feita em Sergipe. Não é minha intenção decretar o que é melhor ou pior, e sim fazer um diálogo sobre a música produzida em nosso estado.
Alex Sant'Anna - Enquanto Espera (2015)

Enquanto Espera é a afirmação de Alex Sant'Anna enquanto intérprete e compositor. Se o trabalho na Naurêa lhe tinha dado destaque, faltava mostrar que também era grande com o projeto solo. Compositor de mão cheia, assina onze das doze músicas do disco.
Com produção de Leo Airplane e uma banda afiadíssima e ótimas participações, o álbum consegue mostrar as várias faces de Alex, para além do sambaião. Destaque para faixa-título, para o mantra atemporal Cansado, a roqueira Verniz e Engolindo Sapo.
Ato Libertário - Lenha na Fogueira (2014)

Sergipe sempre foi uma terra frutífera para o reggae. No nosso estado já recebemos artistas nacionais e internacionais de primeiro escalão da cena regueira e já formamos bandas com destaque dentro e fora do estado. A Ato Libertário é herdeira direta dessa cena e já havia demonstrado qualidade no disco de estreia.
Em seu segundo álbum, Lenha na Fogueira, não decepciona e faz um sonzeira da melhor qualidade, com o estilo focado no chamado reggae roots, porém com uma roupagem atual e com muito groove. A voz marcante de Robson Lira deixa as músicas com ainda mais originalidade.
Cabedal - O Novo Pastiche & o Pastiche Novo (2010)

A Cabedal foi daquelas bandas que apesar da qualidade e de um bom público infelizmente teve vida curta na cena sergipana. Fazer música não é fácil. No entanto, o grupo deixou um registro para posteridade bastante valioso, O Novo Pastiche e o Pastiche Novo. O álbum consegue captar a essência da época, onde as boa parte das bandas buscavam fugir das barreiras conceituais, porém nem todas tiveram sucesso.
O grupo formado por Saulo Sandes (Voz, violão e cavaquinho) , Alexandre Marreta (Guitarra) , Edvan Aragão/Ravy Bezerra (Bateria) , Emanuel Carvalho (Baixo), Diego Menezes e Adriano Cavalcanti (percussão) fez samba-rock, pop, frevo, tudo na dose certa, sem exageros ou invencionice. É difícil encontrar alguém que conheça um mínimo da cena alternativa de Aracaju e até fora dela que não conheça a introdução cheia de suingue de Menina (Sem Pensar).
Família Bocasecas - Acorda Vagabundo (2017)

O hip-hop já conquistou o Brasil. Em Sergipe, o estilo ainda está longe dos holofotes, mas continua bem vivo nas quebradas da cidade. E se o reconhecimento mais amplo ainda não veio não é por falta de trabalho ou de flow. Neste álbum a Família Bocasecas apresenta beats fortes (feitos por Saulo Beatmaker) e rimas contundentes com os Mc's Alisson Rato, Gelo e Saulo Beatmaker. É música das ruas, com linguagem das ruas, sem massagem.
Karne Krua - Bem-vindos ao Fim do Mundo (2015)

A Karne Krua é uma banda que não precisa provar mais nada a ninguém. O grupo liderado por Silvio Campos é pioneiro do rock sergipano e símbolo de resistência da cena underground. Porém, quem tem talento, sempre pode mais. E Bem-vindos ao Fim do Mundo é um discaço. Forte e vigoroso, com letras críticas e diretas como é a marca da KK.
Diferente do primeiro disco da banda lançado em 1994, que foi gravado em Recife e que acabou saindo com baixa qualidade (não por culpa da banda, que fique claro), este gravado aqui mesmo em Aracaju tem qualidade técnica impecável, uma arte gráfica incrível e consegue captar um dos melhores momentos do grupo em seus mais de 30 anos de estrada.
Renegades of Punk - Coração Metrônomo (2012)

Coração Metrônomo não é apenas um dos melhores discos produzidos em Sergipe na última década, é um dos melhores discos do gênero no Brasil. Rápido e barulhento, no entanto, o disco passa longe dos clichês. Daniela Rodrigues (voz e guitarra), João Mário (baixo) e Ivo Delmondes (bateria) fazem punk/hardcore como deve ser, sem arrudeios e com algo a dizer. Destaco a faixa-título e a música que fecha o disco, Vida Real.
Sandyalê - Um no Enxame (2014)

A escolha desse álbum da Sandyalê foi pelo impacto, pelo menos pra mim, que ele teve na época. Poucas vezes tinha visto alguém chegar tão bem com um trabalho de estreia. Tudo muito bem feito, desde os arranjos ao projeto gráfico. O álbum já abre com bastante personalidade em A Fila e assim segue. Acompanhada de grandes músicos, Sandyalê fez um debut com bastante frescor, originalidade e mostrando que não estava a passeio.
Taco de Golfe - Folge (2018)

Quando você para pra ouvir com atenção Folge, álbum de estreia da Taco de Golfe, você entende todo burburinho que se faz quando se fala no trio. As vezes caótico, as vezes psicodélico, mas nunca enjoativo. Os meninos demonstram muita técnica e uma variedade sonora que deixa tudo bom de se ouvir.
Como bem disse Alisson Mota, o som deles é universal, pode ser apresentado em qualquer lugar do mundo que será entendido. Alexandre Damasceno (bateria), Gabriel Galvão (guitarra) e Filipe Williams (baixo) conseguem mostrar entrosamento com musicas que viajam pelo rock progressivo, jazz e outras influências.
The Baggios - Brutown (2016)

Foi difícil escolher um disco da The Baggios. Com três grandes álbum lançados nessa década, o grupo mostra porque se tornou referência da música feita estado. Brutown é o grande salto da banda, cravando de fato sua identidade, formando parcerias e assim construindo seu nome para além da terra Serigy.
É nesse disco que o ainda duo Julico (vocal e guitarra) e Gabriel Perninha (bateria) começa abrir de fato espaço para chegada em definitivo de Rafael Ramos (baixo e teclado). Aqui estão todas as influências rock e blues que o grupo carrega, com muita guitarra e sotaque nordestino.
Tori - Ignatia, (2019)

Tori já tinha surpreendido com o EP Akoya (2016) e Ignatia, ( 2019) é a continuidade do bom trabalho feito três anos antes. A banda formada por Vitória Nogueira (guitarra e vocal), Júlia Rocha (teclados), Beatriz Linhares (baixo), Alexandre Damasceno (bateria), Ricardo Ramos (guitarra) e João Mário (percussão e sintetizadores) passeia por melodias psicodélicas, experimentalismo e jazz. As musicas são bem elaboradas e vão da suavidade à agitação no tempo certo.
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